sexta-feira, 21 de maio de 2010


Uma menina de Louth (Inglaterra) deixou a comunidade médica de boca aberta. Angel Burton, que estava à beira da falência dos rins, conseguiu algo impensável: dois novos rins cresceram dentro dela.

Aos 5 anos, Angel (nome bem apropriado?) foi submetida a uma cirurgia por causa das infecções renais que a acompanhavam desde o nascimento. Foi quando os médicos de um hospital de Sheffield descobriram que a menina tinha quatro órgãos - os dois novos rins estavam crescendo sobre os falidos. Três anos após, os novos rins assumiram a função dos problemáticos e a Angel foi declarada curada.

Para a família, não há dúvida: Angel, aos 8 anos, foi salva por um "milagre".

"É um milagre real. É absolutamente incrível que nenhum dos exames tenha detectado os rins extras. Estamos tão gratos por Angel voltar à felicidade e à saúde", disse Claire Burton, mãe da menina.

De acordo com os médicos, os rins duplex se fundiram nas suas metades e têm ureteres totalmente independentes.




Vi no Mataleone


Postou Zé Luís no Genizah, que sabe que Deus é capaz disso e muito mais,

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Entrevista com Walter Mc Alister: Bispo fala sobre os rumos da fé evangélica


Leonardo Gonçalves Igreja Crista de Nova Vida, Neopentecostalismo, Teologia Contemporânea,

Durante muitos anos, a voz de sotaque inconfundível foi familiar aos crentes brasileiros: “Que Deus os abençoe rica e abundantamente”, dizia o fundador da Igreja Pentecostal de Nova Vida pelas ondas da Rádio Relógio Federal. O missionário canadense Robert McAlister, carinhosamente conhecido no Brasil como bispo Roberto, teve papel destacado na inserção do Evangelho entre as classes médias urbanas. A denominação que fundou ajudou a mudar o conceito da sociedade acerca dos evangélicos – e, passados dezesseis anos de sua morte, seu legado é incontestável. “Ele deixou um exemplo de seriedade e valorizou a vocação pastoral”, diz, com orgulho, seu filho e sucessor no ministério, Walter McAlister Jr.

Mas os tempos e a Igreja Evangélica são outros. E Walter, mais do que ocupar o púlpito que um dia foi de Roberto, hoje é um analista do segmento no qual nasceu, cresceu e construiu sua carreira ministerial. Aos 53 anos, o bispo está lançando O fim de uma era (Anno Domini), livro no qual fala como observador e participante ativo do movimento evangélico nacional, com todas as suas facetas, crises e paradoxos. Mas a experiência própria não é a única credencial que ostenta – Walter, nascido nos Estados Unidos e naturalizado brasileiro, tem uma sólida formação acadêmica e teológica, que inclui os cursos de graduação e mestrado em disciplinas como psicologia e estudos bíblicos na América do Norte. Ordenado ministro do Evangelho em 1980, ele hoje é o bispo primaz e presidente do Colégio dos Bispos da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida, entidade que agrega 140 congregações.

O quadro que emerge de seu livro não é animador. Walter prevê o fim da Igreja – não o corpo místico de Cristo, que segundo ele “nunca falirá”, mas o atual conceito de igreja no Brasil. “A Igreja Evangélica hoje não cresce, incha. A diferença é que um corpo, quando cresce, mostra saúde; já o inchaço é sintoma de alguma doença”, aponta. Como outros indícios desse mal, o bispo aponta a superficialidade, o mundanismo, a falta de ética e a corrupção. “Aliás, no que tange à corrupção do mundo secular, ela em pouco difere da que se alastra nos meios cristãos”, lamenta. Durante esta conversa com CRISTIANISMO HOJE, Walter McAlister admitiu que lhe dói o coração ver a situação da Igreja contemporânea: “Queria ser mais gentil. Mas há momentos em que se faz necessário e urgente dizer a verdade dura, mesmo que isso nos custe muito.”


CRISTIANISMO HOJE – Em O fim de uma era, o senhor analisa a Igreja contemporânea, e o quadro que traça não é nada animador. Trata-se de uma instituição falida?

WALTER MCALISTER – Não, a Igreja nunca falirá. Ela é o corpo de Cristo e consegue sempre atravessar os séculos, mesmo que seja por meio de um remanescente fiel. Mas O fim de uma era trata do conceito atual de igreja no Brasil, e este sim, está prestes a falir. Ela está à beira de uma série de mudanças que serão percebidas como o fim, se não da Igreja como um todo, certamente de um “sonho” ou de um ideal que hoje ocupa o imaginário cristão.

No livro, o senhor chega a falar até mesmo do fim do atual modelo de cristianismo ocidental. Caso esteja certo em seu prognóstico, o que virá depois dele?

Historicamente, o que geralmente se segue a épocas como a nossa é um período de perdas, perseguições e desencanto. Os que se preparam para tais épocas promovem reflexão, semeando para uma nova era de vigor e devoção. Em primeira instância, haverá muito choro, revolta e medo. Haverá quem vá perguntar o que deu errado e os que se calarão, pasmos pelas perdas. Muitos fugirão dos líderes desacreditados. As coisas podem piorar ainda mais. Mas há sempre a possibilidade de renovação em meio aos escombros. O remanescente fiel se voltará para Deus em oração. Haverá redutos de oração intercessória, contrição e comunhão.

Alguns demógrafos preveem que os crentes poderão ser metade da população nacional já por volta da década de 20 deste século. Poucas nações do mundo experimentaram avanço tão notável de um segmento religioso na história contemporânea, fato que é muito festejado por líderes evangélicos – e criticado por outros tantos, que não têm enxergado qualquer mudança significativa na sociedade a partir dessa maior presença evangélica. É um paradoxo?

A Igreja Evangélica no Brasil hoje não cresce, incha. A diferença é que um corpo, quando cresce, mostra saúde; já o inchaço é sintoma de alguma doença. A qualidade da nossa devoção coletiva caiu muito, embora os nossos números tenham crescido. Os que não veem mudança estão equivocados. Mudou muita coisa, sim. No livro, mostro que tanto a sociedade quanto a Igreja Evangélica visível se tornaram mais superficiais, mais fascinadas pelos meios, mais gananciosas – e ficaram menos éticas e menos sérias. Aliás, no que tange à corrupção do mundo secular, ela em pouco difere da corrupção que se alastra nos meios cristãos.

Cada vez mais pessoas famosas, como artistas e celebridades, têm frequentado igrejas, mas essa alegada conversão parece não interferir em seu comportamento. Qual o preço disso para a fé evangélica?

A fé foi banalizada e transformada numa filosofia vazia. Em grande parte, a Igreja perdeu a sua alma. O fato de celebridades afirmarem conversão sem o necessário fruto de arrependimento é o resultado direto, e mais visível, de uma distorção da mensagem cristã. Afirmar que uma profissão pública de fé é o suficiente para que alguém se considere salvo reduz o conceito da salvação a um momento de decisão apenas. Mas Tiago disse que fé sem obras é morta. Muitos chegarão a Cristo, no último dia, fazendo uma “profissão” de fé. Mas obterão uma resposta condenatória, por eles terem praticado o mal. Paulo disse que o justo viverá pela fé, mas também disse que haverá ira e indignação para os que são egoístas, que rejeitam a verdade e seguem a injustiça, conforme Romanos 2.7 e 8.

O senhor aponta os líderes evangélicos como grandes responsáveis pela crise da Igreja. Qual a sua avaliação sobre a liderança evangélica brasileira?

A liderança evangélica brasileira reúne de tudo um pouco. Ocupamos um espectro largo, que vai dos mais corruptos e hipócritas aos mais piedosos e angustiados com a situação atual. Há homens muito bons no Brasil que querem servir ao Senhor, mas são pressionados, qual Arão, a fabricar bezerros de ouro para agradar o povo e garantir, por exemplo, uma reeleição a seu posto. Mas também há lideres que vendem seus púlpitos a agendas políticas, ou pior, traem sua vocação sacerdotal se candidatando pessoalmente a cargos eletivos. Há mercantilistas que usam o Evangelho como desculpa para vender seus produtos na TV, enriquecer ou obter benesses de poderosos. Para eles, a Bíblia é um pretexto e não uma autoridade. São pessoas equivocadas ou corruptas, que criam igrejas vaidosas, vazias e superficiais. Por outro lado, há homens que se dedicam, de corpo e alma, ao serviço do povo de Deus. Não são famosos, mas estão dando sua vida em prol do rebanho do Senhor.

Por que a Igreja contemporânea tem abandonado temas antes considerados inegociáveis, como arrependimento, justificação pela fé, juízo de Deus, céu e inferno e segunda vinda de Cristo?

Porque essas não são mensagens populares. Elas incomodam aqueles que procuram na fé apenas um meio de alcançar bem estar. Somos uma civilização narcisista, uma sociedade que define o mundo a partir da sua própria vontade. Como já aconteceu inúmeras vezes ao longo da história da Igreja, a proclamação do Evangelho hoje rende-se muitas vezes às questões do dia a dia, da moda ou dos anseios da sua geração.

E quanto aos assuntos básicos da fé e da prática evangélica, como batismo, liturgia e pecado? Na sua opinião, as igrejas têm falhado no ensino?

A Igreja sofre, de modo geral, de um analfabetismo bíblico e teológico, bem como uma miopia histórica surpreendente. Pelo nível de ignorância bíblica que percebo na maioria dos cristãos, associado à ausência de piedade demonstrada pelo povo de Deus, eu diria que alguém está deixando a dever. Esse problema não acha sua fonte no rebanho, mas nos pastores. É bom lembrar que foram os líderes das sete igrejas do Apocalipse que foram cobrados pela condição dos rebanhos.

Evangélicos sempre criticaram católicos por suas concessões à religiosidade popular e às superstições religiosas. A Igreja Evangélica brasileira pratica hoje uma fé sincrética?

Sem dúvida! No que diz respeito à religiosidade popular, já ultrapassamos os católicos. Aliás, de uns tempos para cá, os católicos até estão copiando as nossas práticas populares.

É possível falar-se em unidade do Corpo de Cristo diante da infinidade de igrejas e denominações que existem hoje?

A unidade do Corpo de Cristo não é um projeto, é um fato. Ao mesmo tempo, Paulo disse que é necessário que haja divisões entre nós para que os aprovados sejam conhecidos, conforme I Coríntios 11. Logisticamente, a união institucional é impossível; sempre foi assim, desde a Igreja do primeiro século, com todas as suas divergências e ramificações. Todavia, há uma só Igreja. Quem a vislumbra como um todo vê algo estranhamente animador: há membros da Igreja invisível atuando em todos os arraiais. Há pessoas piedosas, devotadas a Cristo, com todos os seus defeitos, erros de doutrina e diferenças, que estão contribuindo para o crescimento do Reino de Deus.

Por que a evangelização clássica, aquela da visitação a lares e hospitais, dos cultos ao ar livre e do evangelismo pessoal, foi abandonada pelas igrejas?

Bem, não estou ciente de tal abandono. Há ainda muitas igrejas que visitam lares e realizam evangelismo em hospitais ou prisões. Acontece que a comunicação vem sofrendo uma revolução incrível. Talvez, no caso de cultos ao ar livre, eles tenham sido substituídos por novas formas de proclamação. Mas concordo que não há o mesmo zelo por almas perdidas que vi quando jovem. Talvez tenhamos nos tornados frios e sem compaixão pelos que estão se perdendo. É um fato triste e denuncia o esfriamento do nosso amor, inclusive pelo Senhor.

Pode-se dizer que o neopentecostalismo é um movimento de fé genuinamente evangélico?

Antes de tudo, é fundamental aqui definirmos bem os termos evangélico e neopentecostal. Primeiro: o termo neopentecostalismo não é para mim um conceito cronológico, no sentido de um movimento que evoluiu com o passar do tempo a partir do pentecostalismo e que, por isso, configuraria uma nova etapa do pentecostalismo. Nada disso. Quando falo de neopentecostalismo, refiro-me a algo que evoluiu a partir da invasão de valores neoliberais e materialistas na periferia do antigo pentecostalismo. O que resultou dessa mutação é uma espiritualidade formada em função de valores e anseios seculares, mundanos.

O que deu certo e o que deu errado no neopentecostalismo brasileiro?

O que deu errado é que eles acabaram formando valores anticristãos e levam pessoas a segui-los. Nesse caso, expandir esse tipo de fé não é nenhum mérito – na verdade, é um problema. O que deu certo – e eu não diria que “deu certo”, mas que funcionou – para o neopentecostalismo foi atender certos anseios das massas, no que se refere aos desejos dessa geração, e oferecer soluções fáceis, como qualquer profissional de marketing faria. O povo se sente explorado, impotente e vitimado. Assim, a oferta de uma certa ilusão de poder adquirido é tudo o que o povo quer. Por isso, os neopentecostais crescem numa velocidade impressionante.

A fé como produto de consumo, onde a bênção está diretamente ligada à atitude do devoto diante da organização religiosa, é a ênfase na mídia produzida pelos grupos evangélicos, particularmente na TV. É uma maneira legítima de divulgar a fé?

De forma alguma; é antibíblica, pois Deus fica em segundo plano, enquanto o cliente – o necessitado – fica em primeiro. Em vez de pregar submissão a Deus e confiança na sua vontade, que pode até se manifestar por meio de cura ou resposta a oração, vemos o benefício proclamado como o bem principal. Isso é idolatria. Além do que, a televisão em si é um meio comprometido e incapaz de formar conceitos cristãos. A presença de pastores na televisão é equívoco. Um equívoco bem-intencionado, mas ainda assim um equívoco.

A Igreja Cristã Nova Vida é neopentecostal?

Não a considero neopentecostal, como muitos a classificam, pois ela nem de longe compactua com esses valores e anseios. Somos “neo” por termos sido fundados há pouco tempo, em termos históricos, e somos “pentecostais” por crermos na continuidade dos dons manifestados no dia de Pentecostes. Mas não somos neopentecostais, pois rejeitamos essa espiritualidade mundana e todas as suas práticas. Na verdade, as origens da Igreja Cristã Nova Vida se reportam à Rua Azuza, em Los Angeles, em 1906. Meu tio-bisavô, R.E. McAlister, levou a mensagem pentecostal de lá para o Canadá, onde ajudou a fundar as Assembleias de Deus canadenses. Seu sobrinho, Walter – meu avô –, foi superintendente nacional durante os anos 50 e o filho dele, Robert, foi o nosso fundador. Fomos fundados, então, em cima dos firmes alicerces de Azuza e não de movimentos análogos posteriores. Assim, meu pai não “brotou” no Brasil com uma nova teologia inventada; ele deu continuidade à teologia clássica que vinha se desenvolvendo em seu país desde o avivamento de Azuza.

Seu pai, carinhosamente chamado pelos crentes brasileiros de bispo Roberto, teve participação direta na explosão do neopentecostalismo. Diversos líderes dessa corrente – Edir Macedo, fundador da Igreja Universal; Romildo Soares, que deu origem à Igreja da Graça; e Miguel Ângelo, da Cristo Vive – são oriundos da Igreja de Nova Vida e foram seguidores de Roberto. Olhando agora em perspectiva, como o senhor avalia este legado? Acha que o bispo McAlister cometeu equívocos em sua trajetória ministerial?

Todos cometem equívocos. Mas qualquer pessoa com um mínimo de informações não estereotipadas e superficiais sobre o bispo Roberto sabe que não se pode atribuir as práticas neopentecostais negativas aos equívocos do meu pai. Veja que muitos ex-católicos fundaram seminários evangélicos conceituados, mas ninguém aponta o papa como pai desses seminários. Ora, do mesmo modo, é um equívoco apontar meu pai como ligado diretamente a esses movimentos. O fato de a Nova Vida ter sido o lugar onde esses líderes começaram sua jornada cristã não faz de meu pai seu mentor. Basta ler seus livros, como O encontro real,Dinheiro – Um assunto altamente espiritual e Bem-vindo ao Reino de Deus, entre outros, para perceber que, mais de trinta anos atrás, ele já denunciava como negativas as práticas que depois se tornariam tão conhecidas e associadas ao mundo neopentecostal.

Por que a Nova Vida dividiu-se em duas correntes?

Porque houve quem não concordasse com a direção que dei à denominação após a morte de meu pai. Houve ainda quem vislumbrasse outro para sucedê-lo como primaz. Eles estavam no seu direito de achar isso.

Isso não foi resultado da descentralização administrativa, já que cada igreja local recebeu autonomia?

Bem, vamos considerar que ajuntamento de facções não constitui união. Ao darmos independência, cada um pôde escolher pertencer ou não. A união tornou-se muito mais legítima, uma vez que passou a ser uma questão do coração e não de um nome em comum apenas. A Igreja Cristã Nova Vida é uma associação voluntária de igrejas independentes, que afirmam o bispo primaz como o seu pastor. Mas cada pastor opta livremente por seguir minha liderança, que é pastoral em palavra e exemplo. Os líderes que não desejam continuar a andar conosco estão perfeitamente livres para sair, sem perder pensão ou plano de saúde, nem tampouco a sua igreja. A minha atuação, assim como a do Colégio de Bispos, funciona como numa igreja local – só que os nossos membros são ministros ordenados. Nós velamos pelo bem estar de cada pastor, pela ética, pela harmonia doutrinária e pela transparência e a responsabilidade fiscal. Os que desejam andar conosco empenham sua palavra de viver dentro desses parâmetros, afirmados anualmente na assinatura da Aliança das Igrejas Cristãs Nova Vida.

Uma reunificação das diferentes vertentes hoje faria sentido?

Isso não me parece plausível. Uma reunificação teria de passar pelas mesmas questões que nos separaram desde o início. Hoje existem muitas “Novas Vidas”, igrejas que saíram de nós e de algum modo mantêm o, digamos, sobrenome por se reportarem ao bispo Roberto como fundador. Não há planos para reunificá-las. Acho que seria como querer transformar o português, o espanhol e o francês novamente em latim. Muito tempo passou, doutrinas foram reavaliadas, posturas foram firmadas e cada linha de atuação acabou por se distanciar das outras. Embora tenhamos esse mesmo sobrenome, somos igrejas realmente diferentes.

As diferenças entre igrejas tradicionais e pentecostais já não têm a mesma diferença de outros tempos. É como se houvesse uma terceira via teológica, misturando as características dos dois grupos. O senhor acha isso bom ou ruim?

Para responder, é preciso analisar caso a caso. Há igrejas tradicionais que realizam cultos nos moldes neopentecostais. Não creio que isso seja benéfico. Pelo contrario, é um modus operandi esquizofrênico, pois nos cultos tradicionais essas pessoas abraçam as máximas da tradição, mas em determinados momentos abandonam essas máximas para desfrutar de métodos neopentecostais. Por outro lado, há pentecostais que estão se reavaliando. E, consequentemente, buscando trazer do passado práticas e noções bíblicas e benéficas que claramente foram perdidas durante a ruptura entre os tradicionais e os pentecostais, para não falar da ruptura que houve durante a Reforma Protestante. Concordo que houve uma mistura e creio que cada igreja seria muito bem servida pelos seus lideres se voltasse a valorizar suas próprias origens. Afinal, uma tradição não é uma prisão, e sim um lar.

O senhor diz em seu livro que se sente solitário no ministério. Quais os reflexos dessa solidão na vida de um ministro do Evangelho?

Essa solidão nos remete ao silêncio e a uma reavaliação constante de motivações. Ou vivemos perante a face de Deus intencionalmente ou buscamos nos outros a justificação de nosso ministério e nossa vida. O primeiro é um caminho difícil, mas necessário. O segundo é vaidade e correr atrás do vento.

pulpito Cristão

quinta-feira, 29 de abril de 2010





Por Marcello Oliveira


Muitas pessoas buscam saciar sua fome espiritual na igreja, mas não encontram nela o Pão da Vida. Encontram muito do homem, pouco de Deus. Muito ritual, pouco pão espiritual. Muito da terra, pouco do céu. Estamos substituindo o Pão do céu por outro alimento. Os pregadores pregam para agradar, e não para desafiar. Dão palha em vez de trigo ao povo - Jr 23.28. Estão pregando saúde e prosperidade, e não sobre a cruz de Cristo. Pregam-se os direitos dos homens, não a soberania de Deus. Prega-se sobre libertação e não sobre arrependimento e conversão. Prega-se um outro evangelho e não o evangelho da graça.

Neste sentido o que vemos hoje é uma Igreja Católica querendo ser evangélica. Uma igreja protestante sem protestos. Uma igreja que se diz reformada, carente de uma urgente reforma. Umas igrejas evangélicas, distanciadas do verdadeiro Evangelho. Uma igreja carismática, com muito carisma e pouco caráter. A igreja gloriosa precisa de santos nos púlpitos e nos bancos. Não de santos beatificados e canonizados depois de mortos, mas de santos vivos, audíveis, visíveis, palpáveis, nos seminários, nas ruas, nas faculdades, no trabalho, na família - exalando o aroma de Cristo! Aleluia! Afinal, você deve estar se perguntado: "O que está acontecendo com esta igreja gloriosa que Paulo falou em Efésios 5.27 ?


A graça transformada em libertinagem.

É Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, põe a boca no trombone. Leia o versículo 4. Estão torcendo a mensagem da graça de Deus a fim de arranjarem uma desculpa para sua vida imoral. E o pior disso é que isto está acontecendo dentro de muitas igrejas. Leia o versículo 12. Estes intrusos estão adulterando a graça de Deus. Há uma distância enorme entre a graça de Deus e a libertinagem. Graça é a manifestação maior da misericórdia, da compaixão da paciência de Deus. Graça é o próprio Deus agindo graciosamente para conosco. Enquanto a libertinagem é totalmente oposta a isso.


O culto transformado em show.

Não é apenas a mídia que está usando a palavra show para se referir a alguns cultos. Nós mesmos usamos esse termo em nosso meio. Ora, as palavras show e culto não combinam. O dicionário Aurélio define show como espetáculo de teatro, rádio, TV, com grande montagem - que se destina a diversão - atuação de vários artistas de larga popularidade. Culto: adoração/ homenagem à divindade em qualquer forma (religião). A igreja existe não para oferecer entretenimento, melhora de auto-estima, mas sim para adorar a Deus. Se falharmos nisso, a igreja fracassa. Perceba o paradoxo: Convide os jovens de nossas igrejas a um show de música gospel e depois os convide a um congresso de Missões. Veja a diferença de comparecimento em cada lugar.

O tempo destinado à exposição da Palavra em nossas igrejas, está cada vez menor. Há uma cantoria tremenda! Assim como há pão light, geléia light, comidas light, temos hoje também os cultos lights: leve, ligeiro, alegre e jocoso!


Dízimos transformados em dividendos.

A idéia que o dízimo/oferta abrem as comportas do céu, e deixam derramar tanta prosperidade que você não terá onde guardar está tão generalizada que parece não haver saída para este câncer que se instalou na mente dos evangélicos. Há pessoas que dão tudo o que tem na esperança de melhorarem sua vida, de serem bem-sucedidos em seus negócios. Foi, é esta malfadada teologia da prosperidade que criou esta mentalidade mercantilista do dízimo.

Escutem amados: Precisamos mais da prosperidade da Teologia, do que a teologia da prosperidade! Dão não como a viúva que ofertou 2 leptos, pequenas moedas de cobre quase sem valor - uma oferta altruísta, sacrificial. Mas dão para escaparem da falência, de uma doença terminal, de uma separação conjugal. Esta capacidade maligna de transformar a arte de dar em receber está profanando e tornando antipática a palavra dízimo, de origem santa. Isto é totalmente contra o princípio de Jesus ensinou conforme Atos 20.35. O dízimo transformado em dividendos (parte dos lucros líquidos que cabe ao acionista de uma empresa mercantil) inverte os papéis e supervaloriza a obra, em detrimento da graça. Desse modo, Deus assume o papel de devedor e o homem assume o de credor.


Milagres transformados em marketing.

Não há quem precise e não busque a face de Deus para obter livramento frente as difíceis situações da vida: enfermidades, desemprego, morte etc. Devemos buscar a Deus nesses momentos, isso é correto. Agora o que acontece: nós tentamos enquadrar nossas necessidades na lei do mercado. Se há procura, deve haver oferta. Se há problemas difíceis demais, triste demais, complexo demais, então, devem-se ter milagres também.

Então, monta-se uma banca, ou um estande de milagres. O nome de Deus é usado inescrupulosamente. Os milagres não são feitos ao pé do ouvido (como Jesus) sem alarde, sem tocar trombeta: mas de forma sensacional; quanto mais público for, melhor será. Se a igreja não fazia milagres, agora ela tem que fazer, pois caso o contrário perderá seus fiéis e pára de crescer, como a outra está crescendo. Novamente a uma inversão de valores aqui: quando Jesus, o Messias curava, sempre procurava esconder das multidões os prodígios que ele operava. Ele dizia: não conte a ninguém. Então há aqui, uma inversão bíblica, pois enquanto Jesus disse: "Estes sinais acompanharão os que crêem”. Hoje estamos dizendo: os que crêem seguiram estes sinais.


A força moral transformada em força numérica.

A famosa declaração de Jesus em Mt 5.13 de que somos o "sal da terra" mostra o valor da força moral, e não o da força numérica. Por causa da ênfase demasiada nos números, transformamos a conversão em adesão, que são acontecimentos totalmente diferentes, quando se trata da salvação e da vida eterna. Jesus, o Pão da Vida, nunca se empolgou com as multidões que o seguiam! Na verdade ele discernia os corações, e sabia que muitos estavam ali, não por seu ensino e doutrina, mas sim pelos milagres que ele realizava.


Você nunca verá um pregador em uma tribuna dizer: Amados, preguei num Congresso que tinha 20 pessoas. Não! Nunca! Como se Deus estivesse apenas nos grandes ajuntamentos. Quando as multidões quiseram fazer dele um rei, ele se afastou e foi para o monte (Jo 6.15). Que contraste de nossos pregadores. Que amam mais a glória dos homens do que a glória de Deus! Que o Eterno tenha misericórdia de nós, pois queremos ser a igreja gloriosa, sem mácula e irrepreensível. Amém!

Fonte: Blog do Marcello Oliveira