quinta-feira, 29 de abril de 2010





Por Marcello Oliveira


Muitas pessoas buscam saciar sua fome espiritual na igreja, mas não encontram nela o Pão da Vida. Encontram muito do homem, pouco de Deus. Muito ritual, pouco pão espiritual. Muito da terra, pouco do céu. Estamos substituindo o Pão do céu por outro alimento. Os pregadores pregam para agradar, e não para desafiar. Dão palha em vez de trigo ao povo - Jr 23.28. Estão pregando saúde e prosperidade, e não sobre a cruz de Cristo. Pregam-se os direitos dos homens, não a soberania de Deus. Prega-se sobre libertação e não sobre arrependimento e conversão. Prega-se um outro evangelho e não o evangelho da graça.

Neste sentido o que vemos hoje é uma Igreja Católica querendo ser evangélica. Uma igreja protestante sem protestos. Uma igreja que se diz reformada, carente de uma urgente reforma. Umas igrejas evangélicas, distanciadas do verdadeiro Evangelho. Uma igreja carismática, com muito carisma e pouco caráter. A igreja gloriosa precisa de santos nos púlpitos e nos bancos. Não de santos beatificados e canonizados depois de mortos, mas de santos vivos, audíveis, visíveis, palpáveis, nos seminários, nas ruas, nas faculdades, no trabalho, na família - exalando o aroma de Cristo! Aleluia! Afinal, você deve estar se perguntado: "O que está acontecendo com esta igreja gloriosa que Paulo falou em Efésios 5.27 ?


A graça transformada em libertinagem.

É Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, põe a boca no trombone. Leia o versículo 4. Estão torcendo a mensagem da graça de Deus a fim de arranjarem uma desculpa para sua vida imoral. E o pior disso é que isto está acontecendo dentro de muitas igrejas. Leia o versículo 12. Estes intrusos estão adulterando a graça de Deus. Há uma distância enorme entre a graça de Deus e a libertinagem. Graça é a manifestação maior da misericórdia, da compaixão da paciência de Deus. Graça é o próprio Deus agindo graciosamente para conosco. Enquanto a libertinagem é totalmente oposta a isso.


O culto transformado em show.

Não é apenas a mídia que está usando a palavra show para se referir a alguns cultos. Nós mesmos usamos esse termo em nosso meio. Ora, as palavras show e culto não combinam. O dicionário Aurélio define show como espetáculo de teatro, rádio, TV, com grande montagem - que se destina a diversão - atuação de vários artistas de larga popularidade. Culto: adoração/ homenagem à divindade em qualquer forma (religião). A igreja existe não para oferecer entretenimento, melhora de auto-estima, mas sim para adorar a Deus. Se falharmos nisso, a igreja fracassa. Perceba o paradoxo: Convide os jovens de nossas igrejas a um show de música gospel e depois os convide a um congresso de Missões. Veja a diferença de comparecimento em cada lugar.

O tempo destinado à exposição da Palavra em nossas igrejas, está cada vez menor. Há uma cantoria tremenda! Assim como há pão light, geléia light, comidas light, temos hoje também os cultos lights: leve, ligeiro, alegre e jocoso!


Dízimos transformados em dividendos.

A idéia que o dízimo/oferta abrem as comportas do céu, e deixam derramar tanta prosperidade que você não terá onde guardar está tão generalizada que parece não haver saída para este câncer que se instalou na mente dos evangélicos. Há pessoas que dão tudo o que tem na esperança de melhorarem sua vida, de serem bem-sucedidos em seus negócios. Foi, é esta malfadada teologia da prosperidade que criou esta mentalidade mercantilista do dízimo.

Escutem amados: Precisamos mais da prosperidade da Teologia, do que a teologia da prosperidade! Dão não como a viúva que ofertou 2 leptos, pequenas moedas de cobre quase sem valor - uma oferta altruísta, sacrificial. Mas dão para escaparem da falência, de uma doença terminal, de uma separação conjugal. Esta capacidade maligna de transformar a arte de dar em receber está profanando e tornando antipática a palavra dízimo, de origem santa. Isto é totalmente contra o princípio de Jesus ensinou conforme Atos 20.35. O dízimo transformado em dividendos (parte dos lucros líquidos que cabe ao acionista de uma empresa mercantil) inverte os papéis e supervaloriza a obra, em detrimento da graça. Desse modo, Deus assume o papel de devedor e o homem assume o de credor.


Milagres transformados em marketing.

Não há quem precise e não busque a face de Deus para obter livramento frente as difíceis situações da vida: enfermidades, desemprego, morte etc. Devemos buscar a Deus nesses momentos, isso é correto. Agora o que acontece: nós tentamos enquadrar nossas necessidades na lei do mercado. Se há procura, deve haver oferta. Se há problemas difíceis demais, triste demais, complexo demais, então, devem-se ter milagres também.

Então, monta-se uma banca, ou um estande de milagres. O nome de Deus é usado inescrupulosamente. Os milagres não são feitos ao pé do ouvido (como Jesus) sem alarde, sem tocar trombeta: mas de forma sensacional; quanto mais público for, melhor será. Se a igreja não fazia milagres, agora ela tem que fazer, pois caso o contrário perderá seus fiéis e pára de crescer, como a outra está crescendo. Novamente a uma inversão de valores aqui: quando Jesus, o Messias curava, sempre procurava esconder das multidões os prodígios que ele operava. Ele dizia: não conte a ninguém. Então há aqui, uma inversão bíblica, pois enquanto Jesus disse: "Estes sinais acompanharão os que crêem”. Hoje estamos dizendo: os que crêem seguiram estes sinais.


A força moral transformada em força numérica.

A famosa declaração de Jesus em Mt 5.13 de que somos o "sal da terra" mostra o valor da força moral, e não o da força numérica. Por causa da ênfase demasiada nos números, transformamos a conversão em adesão, que são acontecimentos totalmente diferentes, quando se trata da salvação e da vida eterna. Jesus, o Pão da Vida, nunca se empolgou com as multidões que o seguiam! Na verdade ele discernia os corações, e sabia que muitos estavam ali, não por seu ensino e doutrina, mas sim pelos milagres que ele realizava.


Você nunca verá um pregador em uma tribuna dizer: Amados, preguei num Congresso que tinha 20 pessoas. Não! Nunca! Como se Deus estivesse apenas nos grandes ajuntamentos. Quando as multidões quiseram fazer dele um rei, ele se afastou e foi para o monte (Jo 6.15). Que contraste de nossos pregadores. Que amam mais a glória dos homens do que a glória de Deus! Que o Eterno tenha misericórdia de nós, pois queremos ser a igreja gloriosa, sem mácula e irrepreensível. Amém!

Fonte: Blog do Marcello Oliveira

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Chamado por Deus para ser Traído


Abandonada, machucada, constantemente agredida pelos bichos que habitam naquele lugar, ela agora ainda prefere o deserto do que estar entre aqueles que a desprezam.


Estes, que a agridem e enxotam como um praga na qual se envergonham, são os mesmo que ela poderia jurar que a amariam sempre. Quando digo amor, digo Eros. Ela, que um dia foi objeto de desejo e erotismo de tantos homens, e fez questão de ceder a cada apelo sexual, hoje é objeto de escárnio e de nojo por parte dos mesmos homens.


Sempre foi assim: dada a prostituições, se entregando às camas por qualquer motivo, sem imaginar nem em seus piores pesadelos que a pele se enruga, que as curvas se esvaem, que o apelo sexual perde o poder cedo ou tarde.


Não creio que a adúltera tenha entendido – assim como eu também não entendi – o porque de Deus ter colocado na alma de um dos seus profetas constituir família com ela (sabendo quem ela é), mas foi exatamente o que aconteceu. Deus em pessoa, disse com letras grandes:


“Vai e casa com aquela mulher que te trairá. Ela terá três filhos, filhos de adultério, e porás neles nomes de tragédias, que deixem bem claro que você foi traído”


Ela sai de casa, deixa os filhos para que o marido cuide e continua a se entregar aos homens, sem se dar conta que o tempo passou. O marido, que nunca a perde de vista, vê que ela começa a passar fome, e em secreto, deixa uma “cesta básica” para que ela tenha o que comer, mas a mulher, quando vê que deixaram-lhe a exata comida que tanto lhe agrada, prefere imaginar que aquilo é presente de seus antigos amantes. Sua vaidade faz crer que seu sexo é capaz de ser algo eterno na vida de alguém, sem lembrar que é o amor e a compaixão em seu ex-marido que a mantém alimentada.


Seus amantes começam a mostrar suas intenções, a presença daquela – então – prostituta é repulsiva, o que ela podia oferecer para matar-lhe a sede da carne já fora dado, e sem o amor necessário para manter laços, ela é escurraçada, humilhada.


Nasce em seu coração o desejo de ir até onde só existe chão. É onde começou nossa reflexão.
“Levarei-a ao deserto, e falarei a seu coração...” – planeja Deus, e cumpre naquela mulher que já não ostenta nenhuma beleza, vaidade, altivez.


Esta é a história de Gômer, mulher do Profeta Oséias, que pode ser conferida no velho testamento.


É uma das formas que Deus encontrou para explicar seu Amor e sua relação com seu povo. Sei que parece cruel quando um homem é submetido a tamanha humilhação diante a sua sociedade, só por cumprir a vontade do Mestre: cuidar de filhos de outros, cuidar de sua mulher, enquanto ela deseja transar com outros homens, de forma pública.


Mas esta é a indignação de Deus diante daqueles que são seus, mas comportam-se como ainda não o fossem. A indignação de um marido traído sistematicamente. Um homem que dá de tudo, e quem leva a fama são os que nunca puderam lhe agradar.


"Não foi pela mão do esposo, foi pelos belos dotes de seus seios que ela consegue seu alimento." - se vangloria Gômer, enquanto saboreia seus damascos.


O fim dos dias de Gômer não são bem definidos. Oséias a compra como escrava por quinze dinheiros, metade do que se pagava na época, e ela agora, vive como servente dos próprios filhos, e empregada do próprio ex-marido. Não fica claro se voltou a existir intimidade entre os dois. Este trecho não é revelado.


Todo juízo que Deus traz tem a intenção de fazermos voltar para casa, por que sua ira nada mais é que uma dor de quem foi traído sistematicamente por quem tanto ama.



Postou o Confuso Zé Luís no cristão Genizah